sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A IMPORTÂNCIA DOS COMANDOS


Sérgio Vaz (esse é da paz) e Marcelino Freire


O que me anima é a poesia que vem das ruas, que nos devolve a coragem, nos tira da letargia do Rio de Janeiro, onde os poetas já nascem feitos. Fui para as Baladas Literárias de Marcelino Freire, em São Paulo, e encontrei a Cooperifa, cujos eventos são comandados por Sérgio Vaz. A esse sim eu quero seguir. Esse é um verdadeiro comandante e reune em torno da poesia, no respeito e na consideração, sem que ninguém estabeleça quem é o melhor, a voz da liberdade que emerge da periferia da São Paulo. Coisa muito boa de sentir.

200, 300 pessoas num bar da periferia, tendo o silêncio como prece. Ali a poesia é religião. E é professada por todos. Famílias inteiras, senhoras idosas, jovens de muitas idades. O que eles têm em comum é o fato de serem excluídos e mesmo assim apostarem na esperança. Essa é a nova voz da revolução. Paz com poesia. Essa é a luta: contra a ignorância, a favor do ser humano em sua totalidade, desenvolvendo o que ele tem de melhor, e não incentivando seus piores instintos.

Se você quer saber quem é essa figuraça - Sérgio Vaz, vá em http://www.colecionadordepedras.blogspot.com/ e verá do que ele é capaz. Que força! Que determinação!

Quanto às Baladas Literárias, estava ótima a programação: Lygia Fagundes Teles, Ivana Arruda Leite, Frederico Barbosa, Antonio Cícero, o poeta português E.M.de Melo e Castro, Alberto Manguel, Luiz Antonio Asssis Brasil, Eunice Arruda, Marcelino Freire, José Castelo, e Augusto de Campos que fez uma apresentação histórica dizendo poemas acompanhado pela banda do filho Cid Campos. Cito apenas alguns nomes, que mais seria copiar o programa.

Ainda um espetáculo originalíssimo: uma performane literária "Los críticos también lloram" , em homenagem ao escritor chileno Roberto Bolaño, dirigida pelo espanhol Marc Caellas.
Destaco três nomes que me chamaram atenção: o de Lourival Hollanda, professor de crítica literária da UFPE - sobretudo poeta;
o de Everton Behenck, poeta gaúcho que estréia com "Os dentes da delicadeza", pela Não Editora, de Porto Alegre;
E o fantástico Emicida - rapper que já está com o nome feito no meio da moçada e agora entre as elites. Não tem pra ninguém.
Tudo bem, tudo firmeza. O ponto mais fraco das Baladas foi a reunião de poetas jovens que participaram da mesa coordenada por Jomard Muniz de Britto.
Jomard tem 73 anos, e incrivelmente, era o mais novo de todos.
A nova geração, que tem todas as informações disponíveis, consegue fazer poesia. Mas está completamente alienada em relação ao país e ao mundo em que vivem. Não sabe responder perguntas, não sabe que lugar ocupa.
Mas no balanço, as Baladas Literárias organizadas por Marcelino Freire, neste ano em 5º edição, são um raro momento para viver literatura e curtir São Paulo em profusão de possibilidades.
Apenas um detalhe: foi notada a enorme diferença entre o número de participantes homens e mulheres. Mas acho que isso foi sempre assim, não é mesmo?
Tanto os eventos organizados por Marcelino Freire como os que têm Sérgio Vaz à frente não estão separados. Ao contrário, se mesclam, se comunicam e fazem crescer o interesse pela poesia em São Paulo. Parabéns a ambos, portanto.

Sei que há outros eventos semelhantes ao da Cooperifa em São Paulo, como o de Ferréz em Capão Redondo, mas esse não conheci. Fico devendo.
E não posso deixar de terminar homenageando d. Edith, uma senhorinha que recita Castro Alves para a juventude. D. Edith é cega, e vai pela mão da irmã aos eventos de poesia para que saibam que ela tem na poesia a razão de seguir.

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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

REPRESSÃO NA FEIRA E OUTRAS COISAS FEIAS

Eu estava toda animada quando me decidi a relatar o que soubesse do movimento literário que anda (ou pára) por aí.

Infelizmente, não tenho boas notícias. A primeira que chegou foi a da prisão da escritora Telma Scherer, ao fazer uma performance na Feira do Livro de Porto Alegre. Cercada por policiais, Telma foi levada numa viatura por quatro deles, que lhe diziam que ela ia ser submetida a exame médico. A versão oficial é de que ela estava mobilizando muita gente no local da perfomance e que estava atrapalhando o público presente.

A notícia vocês podem ler em http://www.correiodopovo.com.br/ArteAgenda/?Noticia=221745

ou no blog da escritora http://www.telmashecer.blogspot.com/
além dos muitos outros blogs que divulgaram a notícia.

Logo me lembrei da primeira postagem que fiz, em 2009, no http://www.integradaemarginal.blogspot.com/ , que contava do que acontecera na Flip, em Paraty, quando a organização do evento e o poder municipal acharam por bem reprimir e ameaçar todos aqueles que, individualmente, quisessem divulgar seu trabalho, impedidos pelas exigências discriminatórias da livraria que monopolizava as vendas. Na ocasião, contei que o livro "Te pego lá fora", de autoria de Rodrigo Ciríaco, professor da rede púbica na periferia de São Paulo, mostrava o que é, hoje, a educação possível, inclusive reproduzindo a linguagem das salas de aula, um universo distinto e distante, muito distante da FLIP, que literalmente, o perseguiu, sem saber (e sem querer saber) que ali estava uma promessa literária a que se devia prestar atenção. Rodrigo vendia o livro no escuro das esquinas, com medo de assustar os passantes, numa situação humilhante.

Em seguida circulou a

Carta aberta do Grupo Editorial Record dirigida aos organizadores do prêmio Jabuti, cujo primeiro parágrafo reproduzo.

O Grupo Editorial Record - composto pelas editoras Record, Bertrand, Civilização Brasileira, José Olympio, Best Seller e Verus - decidiu que não participará da próxima edição do Prêmio Jabuti para claramente manifestar sua discordância com os critérios de atribuição do Livro do Ano de ficção e não-ficção. Tais critérios não só permitem como têm sistematicamente conduzido à premiação de obras que não foram agraciadas em seleções prévias do próprio prêmio como as melhores em suas categorias.


É o caso de se usar a gíria: DEMOROU! Porque não é de hoje que todos falam, sempre à boca pequena, dos escândalos que se tornaram os prêmios literários, cujo resultado sempre têm uma ou outra ligação com interesses outros que não os estritamente literários. Infelizmente, a corrupção, de que tanto se fala na política, assume outras caras, dependendo do contexto em que se forja.

Chico Buarque ficou na boca do leão, mas particularmente entendo que se a editora o inscreve, e ele concorda com isso, não há motivo por que não deva receber o prêmio que outros escritores, também inexplicavelmente, já receberam. Pode-se não gostar do que ele escreve, mas ele gosta.

Evidentemente, é quando alguém abre a boca que outros resolvem também abrir, incentivados por uma indignação que vem de longe. Nesse caso se enquadra o desabafo da escritora Carmem Moreno http://www.carmenmorenoemprosaeverso.blogspot.com/,
autora de uma obra de qualidade que mereceria, mais do que outras, o cobiçado prêmio, (e o merecimento de um grande público) sem precisar se submeter às sempre (essas sim, escandalosas) exigências das "instituições de fomento", destinadas a barrar qualquer esperança de autor "não indicado".

Este é um assunto sem fim e tão antigo quanto a literatura. Ultimamente, então, quando os poucos críticos sérios não recebem os necessários espaços nos jornais, cujos suplementos são os mais superficiais possíveis, é ainda mais difícil para o escritor ter seu trabalho reconhecido. Foi-se a figura do crítico que lia os originais e os avaliava, indicando a publicação ou não. As editoras não estão interessadas em cultura, e sim em vender seu peixe. Não devemos, portanto, lavar a alma com o comunicado do Grupo Editorial Record. Sempre há alguma coisa atrás dessas atitudes heróicas. Não há notícia de que a Record e seus braços, ou tentáculos, concedam ao escritor algum crédito ao escritor fora da mídia. Também por ali transitam best-sellers e trduções injustificáveis.

Assisti também ao Artimanhas Poéticas, mas isso contarei depois.

Preciso de um pouco de sol.
Embora a coletânea de poesia A CORÇA NO CAMPO, de Lenilde Freitas, tenha inaugurado a luz necessária

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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

MOVIMENTO LITERÁRIO


Este blog inaugura no momento em que acontece a 56ª Feira do Livro de Porto Alegre, e para breve a 5º edição das Baladas Literárias em São Paulo, coordenadas por Marcelino Freire, As artimanhas poéticas organizadas pelos poetas Claudio Daniel e Gabriela Marcondes e o Sarau Tempo a Tempo, organizado por Manoel Moreno e Helena Ortiz

O objetivo é que atue como um jornal, onde o leitor possa encontrar informações sobre o que está acontecendo ou irá acontecer. Contamos, portanto com a colabração do leitor, que poderá enviar poemas, críticas ou comentários sobre o que leu, viu ou ouviu.

Aqui ficarão armazenados livros, poemas, autores e acontecimentos. O registro e a informação são importantes para todos quantos queiram que o seu trabalho ou o de outros autores seja divulgado.

Também daremos notícias de livros, que chegam daqui e dali, do passado ou do futuro.

A primeira postagem traz a programação dos eventos citados, mais os convites para lançamentos dos livros Escritas das Cinzas, silêncio do fogo, de Adalberto Müller, com lançamentos marcados em Niterói, Brasília e Rio de Janeiro.
http://www.oficinaraquel.com/ e O silêncio tange o sino, de Mariana Botelho.

O programa das Baladas Literárias, que vão de 18 a 21 de novembro em SP, você encontra em www.baladaliteraria.zip.net ; As Artimanhas poéticas estão em www.artimanhaspoticas2010.blogspot.com e acontecerão nos dias 13 e 14 de dezembro, no Rio de Janeiro.

O Sarau Tempo a Tempo, idealizado pelo músico e poeta Manoel Moreno será apresentado por Helena Ortiz
no dia 25 de novembro, no Centro Cultural do Ministério do Tra balho
Av. Presidente Antonio Carlos 251 - Térreo
às 17h
e contará com a presença dos poetas
Adele Weber - Alexandre Guarnieri - Augusto Sérgio Bastos - Jacinto Fábio Corrêa - João Carlos Luz - Lila Maia
Lou Viana - Lusana Lukata - Maria Dolores Wanderley - Márcia Cavendish Wanderley - Marcus Fabiano Gonçalves
Rosane Carneiro e Fernando Azevedo (dança)
Victor Colonna
Manoel Moreno (Violão e viola) - André Cipolla (violino) - Participação especial: São Beto
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Festival Carioca de Poesia
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Há um grande movimento em torno da poesia. Isso, naturalmente, é muito bom.
Uma nova onda se levanta?
É da apreciação dos eventos que poderemos tirar conclusões. Mas é preciso assisti-los. Se puder, vá a todos. Você se tornará um especialista no assunto. E mande suas impressões.
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